Os anos passam depressa…naturalmente começamos a questionar tudo e iniciamos o Caminho de volta a casa.
E vou olhando para dentro de mim, para os muitos "eus" que compõem os retalhos das minhas versões. Eu já fui a princesa à procura do príncipe, a amante apaixonada dos impulsos, a filósofa pessimista, a estudante obstinada. Representei uma Artemísia lutando contra moinhos de vento e fortalezas inquebrantáveis e também uma Atena prisioneira da razão.
Há uma glória, contudo, que não me pode ser negada: a de que eu fui muitas e única, que fugi o mais que pude dos estereótipos da plasticidade e da superficialidade. Na minha incoerência, sempre houve autenticidade, sempre expus para fora toda a minha anarquia interior através de diferentes “eus”: uns mais ingénuos, outros mais agressivos, uns mais alegres e outros sofridos.
E por tudo isto, concedo-me o direito de não me enquadrar numa lógica cartesiana e do politicamente correto. Que o sistema asfixiante fique com os seus códigos e regras. No meu sistema, o caos e a ordem estruturada são o padrão, não tenho rotas rígidas e entrego-me às correntes, e vou, sei que o meu barco não me vai deixar afundar.
Hoje eu sou assim, mas, amanhã, quem sabe? Se estamos nós em constante devir? Hoje acredito, amanhã posso vir a duvidar. Hoje tenho uma opinião, mas posso vir a mudá-la.
Acredito que a maior OBRA, a maior dádiva que uma Mulher pode oferecer ao Mundo é:
Reencontrar-se
Voltar a ser ela mesma
Recuperar os seus instintos selvagens
Beber da Fonte primordial
Expurgar o sangue velho
Ouvir a voz dos velhos calhaus e a sabedoria do Vento
Sofia Pérez
Professora, Autora. Hipnoterapeuta Transpessoal
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